quinta-feira, 21 de abril de 2011

ALTERNATIVA, PRECISA-SE!

 Já era um dado adquirido a falta de interesse e de conhecimento que a população portuguesa, no geral, tem da política e do que lá se passa. Mas isso não justifica por si só a possibilidade, como mostrou a mais recente sondagem da Marktest - com todos os defeitos que estas sondagens têm - de o PS vir a ganhar as próximas eleições. Há também a hipótese de os portugueses, legitimamente, não encontrarem alternativas à esquerda do PS, não se revendo na retórica irrealista e constante da extrema-esquerda, nem à sua direita, com um PSD desorientado e um CDS que, cheio de boas intenções, teima em não conseguir chegar a um eleitorado mais centro, centro-esquerda que alterna entre PS e PSD. Se em relação à tal falta de cultura política não há dúvidas quanto a sua existência, a questão da alternativa é mais complexa, principalmente por causa do PSD. O partido de Pedro Passos Coelho tarda em posicionar-se no panorama político com uma imagem de consistência, união e determinação. Não é consistente nas propostas que apresenta e que não consegue defender contra a tradicional demagogia socialista; nos candidatos que apresenta com Fernando Nobre à cabeça; e nas linhas programáticas, não se percebendo bem nem o que defende nem a coerência com que defende o que diz. União foi sempre uma miragem no partido desde que Passos Coelho foi eleito líder. À manifesta falta de liderança firme, juntam-se divergências entre cavaquistas, por exemplo, a atual liderança. Em relação à determinação, parece-me que o PSD assumiu desde cedo que as eleições estavam ganhas e, por isso, acabou por descurar esse aspeto ao não se mostrar completamente empenhado em ser parte ativa no processo de transição pós-PS.


O problema que se coloca não é o facto de uma sondagem que, como disse, apresenta resultados sempre duvidosos, mas sim a possibilidade real de, e isso já tínhamos percebido, o PS ganhar as eleições depois de toda a trapalhada feita durante principalmente os últimos dois anos. Descontrolo das contas, mentiras atrás de mentiras, falta de diálogo e falta de noção estratégica não são razões suficientemente fortes para não votar PS. Mas, à falta de alternativa, que fazer? Há quem prefira o status quo...

Por um Compromisso Nacional

Porque a classe política de Portugal não tem a capacidade de pressentir os problemas do país e agir tendo em vista possíveis soluções para eles, ou porque essa mesma classe política pressente problemas mas não tem interesse em resolvê-los, um conjunto de personalidades, algumas ligadas à política, redigiram mais um manifesto que chama a atenção para isso mesmo, A chamada de atenção é para a indefinição sobre um compromisso futuro entre as forças políticas que garanta o mínimo de estabilidade governativa e a aplicação de medidas e reformas impopulares. Os portugueses querem e precisam de um Compromisso Nacional. Estão cansados de guerras de palavras, de vitimizações, de acusações e da irresponsabilidade. Vale a pena passar uma vista de olhos...