sábado, 18 de abril de 2009

Ponto 1: Portugal

Decidi que o primeiro post deste blog será uma ideia genérica sobre o cantinho à beira mar plantado onde eu e mais 10 617 574 pessoas vivemos.

Parece-me que Portugal se vai afundando na sua crónica pequenez, sempre com a ideia de que é um moderno e influente país. Portugal quer ser uma país pequeno com a mania que é rico (o tamanho não conta?) e quer dar aos seus habitantes a vida mais miserável, dentro dos limites do que é ser "civilizado". Mas Portugal "quer"? Um país tem manias? Não. Refiro-me a quem manda em Portugal: a classe política. E como a nossa classe política é uma merda (no verdadeiro sentido da palavra), só nos resta esperar que o país deles também assim o seja, não é?

Em primeiro lugar, a situação geográfica não é a mais indicada para o modelo económico que Portugal tem vindo a desenvolver desde que é visto como um país com mão-de-obra barata. Aliás, mesmo durante o Estado Novo já se admitia que o tal modelo não se ajustava às necessidades reais do país. Como economia aberta, somos constantemente assolados com uma gravíssima pneumonia sempre que o resto do Mundo espirra. E isto acontece porque estamos demasiado e perigosamente dependentes do comércio externo. Portugal não tem capacidade para crescer dependendo apenas de si próprio (situação impossível de acontecer numa economia pequena e aberta) e vamos andando por aqui, bem felizes, a pensar que isto um dia vai mudar para melhor (nos tempos de aflição o status quo altera-se para um pessimismo tradicionalmente português). Portugal, apesar de não poder viver orgulhosamente só, pode ser estruturalmente forte para que a recuperação seja mais rápida quando há uma recessão (pensar que podemos ter um país à prova de recessões e crises é estúpido e demagógico) e para poder convergir com a Europa, em vez de crescimentos de 1%.

E qual a solução? Penso que a solução deve passar por se ter em conta as especificidades do nosso país. Especificidades essas que não contemplam planos tecnológicos da treta e obras megalómanas para agradar os lobbys da construção (alterar PDMs para poder construir onde não é suposto fazê-lo também é política) e para dar trabalho a estrangeiros.

Quero focar que o investimento muitas vezes é mal feito e endividamo-nos sem necessidade (a dívida pública já vai perto dos 80%). A qualidade da intervenção pública em investimento directo é essencial!

Para onde direccionar o investimento?

Na minha opinião, devemos seleccionar três eixos de desenvolvimento e concentrarmo-nos em tirar o maior proveito deles. Isto é, investir neles: Turismo, Energias Renováveis e Mar.

Turismo. Apesar de esta actividade económica gerar um saldo muito positivo na nossa balança comercial, Portugal não é visto como um destino turístico por excelência. Deve ser feita uma campanha massiva que promova a marca "Portugal" e devemos dar muita atenção aos locais ditos turísticos. Basta passar pelo Algarve para constatar erros graves no ordenamento do território e na construção dos famosos "mamarrachos". O que o Algarve tem a mais o Alentejo tem a menos. Uma área previligiada para turismo de qualidade é quase ignorada (fraca rede de transportes, pouca oferta turística, etc.). Podíamos ficar a falar de turismo o dia todo...

Energias Renováveis. Essencial, numa palavra. O país com o maior número de horas de sol e com uma costa vastíssima não aproveita (ainda) o enorme potencial que tem. No futuro, e para nos distanciarmos da necessidade constante de dependermos de países produtores de combustivel fóssil, as energias alternativas têm de desempanhar um papel fundamental na requalificação dos transportes e estrutura de energia doméstica e industrial.

Mar. Como é possível que Portugal não seja a porta de entrada da Europa? Parece difícil acreditar que nunca houve nenhum tipo de investimento grande nesta área. Com excepção aos recentes investimentos em Alcântara e Sines, não tem havido grande vontade política em investir a sério para criar uma via de entrada que seja capaz de ser competitiva e que aproxime um pouco Lisboa, Sines e Leixões ao resto da Europa.

Há sempre as questões da má qualidade da nossa educação, do nosso sistema de saúde insufuciente, da justiça que parece uma anedota (também existem aspectos positivos noutras áreas)... Mas não se pode falar tudo de uma vez. Como escrevi em cima, o objectivo desta reflexão foi responder à pergunta "Para onde direccionar o investimento?".

Sem querer afirmar que "só assim Portugal vai lá", penso que as minhas opções são válidas como ideias, propostas, ou o que lhe quisermos chamar. Fico à espera de comentários, sugestões e etecetera.

CBA

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