quinta-feira, 28 de maio de 2009

Provocações, por Kim Jong-Il

Com mais um provocante teste nuclear, depois do que foi realizado em 2006, a Coreia do Norte pensa que pode continuar a gozar com a comunidade internacional para sempre. Por enquanto os EUA podem estar enfraquecidos pela crise global e desgastados pelas guerras no Afeganistão e Iraque, mas a retoma chegará. E com o regresso do crescimento económico, a par com a retirada do Iraque, vamos assistir a um fortalecimento dos americanos (apesar de poderem ter um papel decisivo na crise paquistanesa, a administração americana nunca alocará tantos recursos como fez para Iraque e Afeganistão). Numa análise simples e directa, penso que após 2012 a Coreia do Norte arrisca-se a desaparecer do mapa se pretender continuar com esta atitude de criança mimada que quer, desesperadamente, atenção. Uma coordenação entre EUA e Rússia poderia rapidamente pôr fim ao regime militarizado e esmagar qualquer tentativa de contra-ataque. A China não pode tolerar um vizinho mal comportado que aspira ser uma potência nuclear e as relações entre estes dois países irão piorar, até que a China não se oponha a uma intervenção militar. Neste momento a via diplomática está esgotada: a Coreia do Norte ameaçou renunciar ao cessar fogo com o seu vizinho do sul e lançar um ataque militar contra as suas fronteiras (in Público); retirou-se das conversações com vista ao desarmamento nuclear; testa mísseis balísticos e deflagra engenhos nucleares subterrâneos. A situação está a chegar a um ponto insustentável e as potências estão a perder a paciência com o "Querido Líder". A juntar a tudo isto, há uma população de 22 milhões de pessoas que vive na pobreza extrema e que tem fome. População essa que vive asfixiada por uma ditadura que não se preocupa com os seus problemas. Para já, não será fácil persuadir a Coreia do Norte a abdicar do seu programa nuclear em troca de (ainda mais) ajuda dos países desenvolvidos.

CBA

3 comentários:

  1. Estás a falar de guerra? Mais um Iraque?
    Não me parece que a solução passe por aí, penso que ainda se pode tentar negociar com a Coreia do Norte, como está a fazer Obama.
    Além disso, vejo um Kim Jong-Il mais fraco em termos de saúde, e se um dia subir outro ao seu lugar, a ditadura irá cair.

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  3. A principal ameaça, neste momento, é a de que os norte coreanos possam fornecer informações e know-how a possíveis grupos terroristas que tenham como alvo os EUA e restantes aliados, em troca de avultadas somas. E também há a questão, embora um pouco irreal, de considerar que a Coreia do Norte possa ser um perigo para a Coreia do Sul e Japão.

    Uma eventual intervenção por parte dos EUA (em conjunto com a Rússia e permitido pela China), a partir da data de retirada do Iraque e coincidente com um cenário macroeconómico mais favorável, permitiria estancar esta "ameaça". A nenhuma das potências interessa ter um governo ditatorial e militarmente agressivo a governar a Coreia do Norte. Os EUA e a Rússia pelas razões enunciadas (ainda existem muitas antigas repúblicas da URSS que reclamam por independência e que podem recorrer ao terrorismo, como foi o caso da Tchechénia); a China porque não quer ficar na condição ingrata de ter um vizinho todo poderoso com armamento nuclear; a UE, pela mão da França e Alemanha, não se vai descartar de condenar a Coreia do Norte e apoiariam uma intervenção. De resto, o Japão poderia se voluntariar a participar caso mude a Constituição, que prevê apenas forças de defesa. Há inúmeros cenários que dependem, exclusivamente, da vontade de Kim Jong-Il cooperar ou não. Até agora só mostrou inflexibilidade e pouca tendência para facilitar.

    Respondendo:

    A questão no Iraque foi completamnete diferente. Em relação ao fundamento, haviam importantes interesses económicos e estratégicos naquele país. E no que toca aos reais problemas, esses começaram quando se verificou que grupos diferentes (sunitas e xiitas) começaram uma luta que quase levou a uma gueera civil. A Coreia do Norte não tem interesse estratégico, e muito menos económico. E a diversidade étnica é inexistente, pois o país é quase exclusivamente habitado por coreanos.

    Se Kim Jong-Il não é dado a diplomacias, pode haver um sucessor que o seja. Mas o favorito para lhe suceder é o seu filho mais novo, Kim Jong-un, que tem a personalidade do pai, capacidade de liderança e vai de encontro à linha de pensamento e acção do actual líder.

    CBA

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