segunda-feira, 4 de maio de 2009

Partido Socialista e mais quem?

Nos últimos dias, tem-se assistido a uma crescente especulação (por parte dos comentadores políticos e fortalecida pelas declarações da líder do PSD) que aponta como provável a reedição do famoso Bloco Central. Apesar de não precisarmos de travar o avanço do PC (como em 1983), o Bloco Central ganha vida através das palavras de muitas figuras de destaque, como Jorge Sampaio. A verdade é que ambos os lados da barricada têm vindo a TV e à Radio desmentir tudo e mais alguma coisa: conteúdos programáticos diferentes é a razão mais apontada para a impossibilidade de formar uma coligação entre PS e PSD.

Mas a criação do Bloco Central é positiva ou negativa para Portugal?

Em primeiro lugar, o Bloco Central é óptimo para os numerosos grupos de interesse que, assim, não têm de se movimentar no meio político para obter favores (os partidos do poder, PS e PSD, estão ambos no Governo). Para os portugueses, em geral, é um garante da estabilidade política em altura de crise, funcionando como um consenso entre as duas maiores forças políticas e atirando para o lado qualquer tipo de confrontação ao poder dominante (nem mesmo através do Presidente da República). A clara desvantagem é a degradação da democracia. Com o PS e o PSD no Governo, em simultâneo, o espaço político à direita e à esquerda fica reduzido: dois partidos de extrema esquerda (nome feio para ilustrar o que, de facto, são BE e PC) de um lado e uma força democrata-cristã com uma expressão residual.

E outras coligações?

A coligação ideal, pressupondo que o PS não atinge a maioria absoluta, é, a meu ver, com o CDS. Sacrificando acção à esquerda, nomeadamente em temas como os casamentos entre homossexuais e a eutanásia, o novo Governo, virado agora à direita, herda do CDS a preocupação com a segurança e com os assuntos fiscais (nomeadamente em relação às PME). Penso que as propostas deste partido, tirando a dose de populismo que a ele estão associadas, são válidas e podem ter impacto na vida dos portugueses. Além disso, não seriam os 5 ou 6 % do CDS que iriam comprometer totalmente o projecto PS para os 4 anos de legislatura. Uma coligação à esquerda está completamente fora dos objectivos do PS, já que grande parte da acção socialista na área do trabalho e na economia é insistentemente condenada por BE e PC.



No entanto, acho que o PS vai manter a maioria absoluta. As pessoas (mesmo as mais insatisfeitas com a governação PS) vão pensar duas vezes antes de confiarem o seu voto ao PSD, onde não há uma corrente definida e onde não existe um líder quase a sério desde Marques Mendes; ao BE (ainda alguém acredita que eles são alguma coisa mais que um partido de extrema esquerda?!); ao PC, onde as palavras de ordem são as mesmas desde há 50 anos; ou ao CDS, com uma imagem muito desgastada e muito ligado ao elitismo.

Por agora é tudo.

CBA

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