quinta-feira, 21 de abril de 2011

ALTERNATIVA, PRECISA-SE!

 Já era um dado adquirido a falta de interesse e de conhecimento que a população portuguesa, no geral, tem da política e do que lá se passa. Mas isso não justifica por si só a possibilidade, como mostrou a mais recente sondagem da Marktest - com todos os defeitos que estas sondagens têm - de o PS vir a ganhar as próximas eleições. Há também a hipótese de os portugueses, legitimamente, não encontrarem alternativas à esquerda do PS, não se revendo na retórica irrealista e constante da extrema-esquerda, nem à sua direita, com um PSD desorientado e um CDS que, cheio de boas intenções, teima em não conseguir chegar a um eleitorado mais centro, centro-esquerda que alterna entre PS e PSD. Se em relação à tal falta de cultura política não há dúvidas quanto a sua existência, a questão da alternativa é mais complexa, principalmente por causa do PSD. O partido de Pedro Passos Coelho tarda em posicionar-se no panorama político com uma imagem de consistência, união e determinação. Não é consistente nas propostas que apresenta e que não consegue defender contra a tradicional demagogia socialista; nos candidatos que apresenta com Fernando Nobre à cabeça; e nas linhas programáticas, não se percebendo bem nem o que defende nem a coerência com que defende o que diz. União foi sempre uma miragem no partido desde que Passos Coelho foi eleito líder. À manifesta falta de liderança firme, juntam-se divergências entre cavaquistas, por exemplo, a atual liderança. Em relação à determinação, parece-me que o PSD assumiu desde cedo que as eleições estavam ganhas e, por isso, acabou por descurar esse aspeto ao não se mostrar completamente empenhado em ser parte ativa no processo de transição pós-PS.


O problema que se coloca não é o facto de uma sondagem que, como disse, apresenta resultados sempre duvidosos, mas sim a possibilidade real de, e isso já tínhamos percebido, o PS ganhar as eleições depois de toda a trapalhada feita durante principalmente os últimos dois anos. Descontrolo das contas, mentiras atrás de mentiras, falta de diálogo e falta de noção estratégica não são razões suficientemente fortes para não votar PS. Mas, à falta de alternativa, que fazer? Há quem prefira o status quo...

Por um Compromisso Nacional

Porque a classe política de Portugal não tem a capacidade de pressentir os problemas do país e agir tendo em vista possíveis soluções para eles, ou porque essa mesma classe política pressente problemas mas não tem interesse em resolvê-los, um conjunto de personalidades, algumas ligadas à política, redigiram mais um manifesto que chama a atenção para isso mesmo, A chamada de atenção é para a indefinição sobre um compromisso futuro entre as forças políticas que garanta o mínimo de estabilidade governativa e a aplicação de medidas e reformas impopulares. Os portugueses querem e precisam de um Compromisso Nacional. Estão cansados de guerras de palavras, de vitimizações, de acusações e da irresponsabilidade. Vale a pena passar uma vista de olhos...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Estado, mais Estado e mais um pouco de Estado

Começa a ser chato ter o Estado em quase todos os sectores da economia portuguesa. Além das participações sociais são também gestores do partido do poder na gestão das empresas privadas. BCP, Mota-Engil e PT são os mais emblemáticos, uns bem visíveis e outros nem tanto. Corrupção e falta de ética começam a ser as imagens de marca deste Governo, mas não há escândalo que o retire do poder. José Sócrates já passou o limite do aceitável e está cada vez mais distante o cenário da manutenção do poder. Do lado da oposição, resta saber se, caso vença, Passos Coelho terá a coragem de mexer a fundo num mundo de onde ele próprio vem...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mais um coelho da cartola?

Ele veio, viu e venceu. Não foi à primeira, mas também não foi precisa uma terceira para ser de vez. O novo líder do PSD, duma só cajadada, mata o campo do eleitorado do CDS e dos tradicionais do PS que estão descontentes com o a situação actual. Pedro Passos Coelho vem cheio de energia e cheio de legitimidade para pegar num PSD desfigurado e convertê-lo numa verdadeira força partidária que, unida, consiga convencer os portugueses a optar pela alternativa ao partido no poder.

Pedro Passos Coelho apresenta propostas à direita e atitudes à esquerda. Tende claramente para o lado de Paulo Portas com questões como a insegurança e a saída do Estado da esfera empresarial e, por outro lado, é a favor do aborto e da adopção por casais homossexuais, adoptando uma atitude bastante liberal nas questões sociais e que são bandeiras da esquerda. Pedro Passos Coelho passou por todas as eliminatórias da cena partidária até chegar à grande final, onde disputará o lugar de Primeiro Ministro com José Sócrates. Há quem diga de tudo: que é bom conhecer como funciona a coisa; que é mau porque vem com vícios dos joguinhos partidários; que é bom e mau; que é assim assim. Não acho que isso seja determinante em termos de uma eventual subida ao poder porque, caso isso acontecesse, de certeza que de imediato tinha uma lista de pessoas com experiência de poder a trabalhar com ele.

O novo líder do PSD é um indivíduo bem intencionado, tem ideias interessantes, fala de forma clara e transmite confiança. Para o PSD, consegue ganhar eleitorado que votou PS e CDS, apostando em ideias que lhe conferem um carácter de homem moderno. Espero sinceramente que tudo não seja um grande número de circo bem montado com o risco de se perder uma oportunidade para afirmar o PSD como o grande partido do centro, com claros benefícios para o país. Ficou claramente provado que a tentativa de colagem à direita desfavorece o partido, com muitos eleitores a preferirem o CDS.

Passos Coelho tem uma grande oportunidade para mostrar do que é capaz. Por isso, esperemos para ver como reage ao embate iniciar com o Primeiro Ministro. Terá de ser capaz de manter o partido unido, de apresentar as propostas com as quais venceu a campanha interna e de mostrar aos portugueses que é a alternativa credível ao PS e não é apenas o um coelho tirado da cartola da jota.

CBA

segunda-feira, 8 de junho de 2009

22 para Estrasburgo


O PSD não ganhou as eleições europeias. Na prática quem ganhou foi Paulo Rangel. O candidato escolhido por Manuela Ferreira Leite não foi consensual, chegando até a ser um pouco contestado, e acabou por se revelar uma aposta ganha. Paulo Rangel levou, literalmente, o partido às costas. Fez campanha sozinho; não hesitou na defesa das suas convicções; não se deixou afectar pelas acusações infundadas e irresponsáveis de Vital Moreira (que associou a responsabilidade do caso BPN ao PSD); e, mais importante que tudo, mostrou ser aquilo que tem vindo a rotular a sua imagem de marca na Assembleia da República desde que é líder parlamentar: proactivo, combativo e inteligente nas suas movimentações. No post anterior referi que o PS se arriscava a perder as eleições por causa do um erro de casting (não me vou alongar na minha opinião sobre Vital Moreira porque já o fiz) mas nunca pensei que por uma margem tão grande. Vamos, então, à análise global:


PSD: a reboque de um candidato forte, o PSD ganha algum alento para atacar em força as legislativas com o argumento de que é a única alternativa. Isto é um argumento demagógico e não tem a mínima lógica. O PSD ganhou as eleições porque o voto de protesto na extrema-esquerda (quem é que ainda não percebeu que o Trotskismo do BE não é moderno nem democrático?!) valeu mais de 20%. Se compararmos com os resultados das últimas legislativas, o PSD praticamente manteve a percentagem de votos. O PS, perdendo imensos votos à esquerda, deu a vitória de bandeja a Paulo Rangel. De qualquer maneira, ninguém tira o valor da vitória a Manuela Ferreira Leite, como líder do partido vencedor, e ninguém pode duvidar que, internamente, ela passará a ter uma maior legitimidade (Pedro Passos Coelho retira-se, pelo menos até às eleições)


PS: Não há muito que falar do partido do poder. É notável a maneira como José Sócrates se esquivou da derrota (referindo sempre que o PS obteve um resultado “aquém das expectativas”) e a rapidez com que afirmou que o Governo não alterará uma unha sequer da sua política. Fez o que lhe competia: agradeceu a Vital Moreira pelo empenho que demonstrou desde que aceitou “o projecto”; apressou-se a passar uma mensagem de tranquilidade e de serenidade para com o seu eleitorado; e sublinhou que o PS continua a governar (apesar da histeria do PSD) o país como, aliás, deverá continuar a fazê-lo após as eleições legislativas. O voto em consciência falará mais alto quando os portugueses decidirem quem os governará, o que diminuirá o impacto do voto de protesto.


BE: O Bloco de Esquerda conseguiu o melhor resultado de todas as eleições em que participou e, particularmente nestas, triplicou a sua representação. Afirmou-se como a terceira força política com um candidato, Miguel Portas, que nem surpreendeu nem desiludiu. Mostrou ao seu eleitorado habitual, aos novos apoiantes que votaram pela primeira vez e aos leitores que foram buscar ao PC e ao PS, tudo o que o BE tem para oferecer: um mundo cor-de-rosa onde não há injustiças nem capitalistas malvados para lhes tirar a liberdade. O Bloco nunca mencionou o essencial, isto é, nunca se pronunciou como seria uma sociedade e um governo liderado por eles (esta observação foi levantada por Pacheco Pereira nos comentários aos resultados das eleições, na SIC). E é este tipo de ilusão que o Bloco de Esquerda vai alimentando, com a máscara da modernidade e culpando tudo e todos por todos os males.


CDU: O PC e a sua muleta, chamada PEV, conseguiram absolutamente nada. Apesar de terem subido a sua quota de votos desde as últimas eleições, o único facto que é de salientar é a passagem a quarta força política, sendo ultrapassados por um partido que consideram uma imitação rasca deles próprios. De resto, a sua cabeça de lista foi mais do mesmo (um clone de Jerónimo de Sousa em versão feminina, com o mesmo discurso de sempre) e mantiveram o mesmo número de deputados, quando a intenção era, claramente, chegar à fasquia dos três. Para não desanimar a malta da “comunolândia do Alentejo” (ou República Popular Democrática do Alentejo), é claro que o que mais importou foi enfraquecer o PS, culpado de tudo, inclusive da crise internacional. E, no final de contas, o PC obteve, surpreendentemente, uma vitória sobre as políticas de direita.


CDS: Os democratas-cristãos partiam para estas eleições como o elo mais fraco. O CDS é um partido que faz falta. Em primeiro lugar porque é o único partido com assento parlamentar que é de direita (o PSD é, na minha opinião, um partido do centro: tem nas suas fileiras sociais-democratas, liberais, conservadores e populistas anti-ideológicos), e porque contrabalança com a forte componente de extrema-esquerda que compõem o tecido político português. O CDS apareceu em más condições no início da campanha, com sondagens a darem ao partido resultados como 3%, no máximo. Nuno Melo apresentou-se como um candidato fortíssimo pela notoriedade que ganhou na Assembleia da República, no caso BPN, e por ser o líder parlamentar de um partido que se esforça por zelar pelos interesses do povo (segurança e fiscalidade são óptimos exemplos). Ganhou votos à direita, o seu território, e conquistou também algum voto de protesto. Nota positiva para a maneira como sai reforçado nestas eleições.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Eleições Europeias: Vital Moreira


O PS quis diferenciar-se nesta campanha ao propor um candidato independente. Como homem de esquerda, Vital Moreira agradava à ala do PS que se identifica com Manuel Alegre e agarrava alguns votos à esquerda que foram perdidos nos últimos tempos com as "políticas de direita". O candidato até começou bem. À frente de Paulo Rangel, Vital Moreira, com a sua enorme comitiva (que não poupou para proporcionar a todos um espectáculo à Obama), seria o natural vencedor das eleições. O vencedor independente com o selo do "grande partido popular da esquerda democrática e moderada".

Mas duas variáveis mudaram o curso dos acontecimentos, o conteúdo e a imagem. E foram estas variáveis que fizeram com que o Primeiro Ministro se arrependesse da escolha e passasse, até hoje, o tempo quase todo a acompanhar Vital Moreira para se certificar de que ele não diz o que não deve e para ser sempre o centro das atenções.

Conteúdo: Vital Moreira, o homem de esquerda, é diferente do candidato que o PS pretende. José Sócrates não pensava que o irrequieto candidato andasse a dizer o contrário dele e que o partido viesse desmentir qualquer coisa sempre que Vital Moreira se afasta da linha anti ideológica bem ao estilo do PS de José Sócrates.

Imagem: A imagem é um factor preponderante na política. O maior e mais mediático exemplo de um inteligente uso da imagem é o presidente americano. Mas Vital Moreira tem uma imagem que não é favorável: não cativa nem chama a atenção. E não é adequada para os tais valores da nova esquerda moderada. José Sócrates depressa descobriu isso e apressou-se a acompanhar o seu candidato para todo lado. Aliás, José Sócrates assume-se quase como o candidato enquanto recebe banhos de multidão. Vital não tem jeito para falar em público, repete muita coisa e não parece acessível para as pessoas.

A acrescentar a tudo isto, o PS vai ficando muito mal visto pelos recursos que emprega nesta campanha (em contraste com as contenções orçamentais, e a meu ver exemplares, dos outros partidos) e por Vital Moreira se mostrar menos combativo e activo que o seu adversário, Paulo Rangel. O PS arrisca-se a perder estas eleições por causa de um erro de casting. Uma má escolha proporciona um mau resultado que terá sempre muita influência nas eleições legislativas. Neste momento há um empate técnico e ainda muita coisa por decidir.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Provocações, por Kim Jong-Il

Com mais um provocante teste nuclear, depois do que foi realizado em 2006, a Coreia do Norte pensa que pode continuar a gozar com a comunidade internacional para sempre. Por enquanto os EUA podem estar enfraquecidos pela crise global e desgastados pelas guerras no Afeganistão e Iraque, mas a retoma chegará. E com o regresso do crescimento económico, a par com a retirada do Iraque, vamos assistir a um fortalecimento dos americanos (apesar de poderem ter um papel decisivo na crise paquistanesa, a administração americana nunca alocará tantos recursos como fez para Iraque e Afeganistão). Numa análise simples e directa, penso que após 2012 a Coreia do Norte arrisca-se a desaparecer do mapa se pretender continuar com esta atitude de criança mimada que quer, desesperadamente, atenção. Uma coordenação entre EUA e Rússia poderia rapidamente pôr fim ao regime militarizado e esmagar qualquer tentativa de contra-ataque. A China não pode tolerar um vizinho mal comportado que aspira ser uma potência nuclear e as relações entre estes dois países irão piorar, até que a China não se oponha a uma intervenção militar. Neste momento a via diplomática está esgotada: a Coreia do Norte ameaçou renunciar ao cessar fogo com o seu vizinho do sul e lançar um ataque militar contra as suas fronteiras (in Público); retirou-se das conversações com vista ao desarmamento nuclear; testa mísseis balísticos e deflagra engenhos nucleares subterrâneos. A situação está a chegar a um ponto insustentável e as potências estão a perder a paciência com o "Querido Líder". A juntar a tudo isto, há uma população de 22 milhões de pessoas que vive na pobreza extrema e que tem fome. População essa que vive asfixiada por uma ditadura que não se preocupa com os seus problemas. Para já, não será fácil persuadir a Coreia do Norte a abdicar do seu programa nuclear em troca de (ainda mais) ajuda dos países desenvolvidos.

CBA

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O empreendedorismo pode ser ensinado

Sempre defendi que era preciso um maior empenho, da parte nas nossas universidades, na promoção do empreendedorismo. É um facto que a grande maioria dos jovens recém licenciados não sacrifica um emprego (por mau que seja) por um investimento em tempo e em capital em algo que não tem a certeza de que irá resultar. E é legítimo ser-se defensivo numa fase da vida em que tudo está em jogo. Mas, tendo os apoios e incentivos certos, o caso muda de figura.

O empreendedorismo pode ser ensinado: é necessário da uma maior atenção ao desenvolvimento da criatividade, nas diversas unidades curriculares leccionadas; tem de haver formação em criação de empresas, estudos de mercado e desenvolvimento de projectos e produtos; através da selecção das melhores propostas, iniciar uma fase de potenciação da ideia e lançamento das bases daquilo que será o negócio da empresa. Deve também ser prestado auxílio através de financiamento garantido e apoio jurídico por um conjunto de empresas (apoios que iriam gerar benefícios fiscais), fundações e Estado. Com este tipo de segurança, conjugadas com regalias fiscais dadas pelo Estado por um certo prazo, novas ideias podem ser postas em prática e novos projectos podem ser desenvolvidos. Áreas como as tecnologias da informação, o turismo, as energias renováveis, as actividades ligadas ao mar, podem gerar empresas que potenciem e rejuvenesçam o tecido empresarial português, nomeadamente PME que criem elevado valor acrescentado através do recurso a tecnologias e métodos eficientes.

O empreendedorismo é eficaz contra a crise social (crónica em Portugal) porque fomenta o emprego (possíveis desempregados tornam-se empresários que até podem contratar); inspira pequenos empresários e motiva-os, injectando-lhe uma dose de confiança (muito em voga nestes dias, pela escassez dela); faz com que a tecnologia seja mais aprimorada, desenvolvida pelos novos empresários que não se identificam com métodos antigos; explora nichos e sectores com carências de mercado; dá oportunidade a pessoas que, de outra forma, iriam parar a grandes empresas e adaptar-se-iam aos seus métodos, cultura e estrutura (diminuindo o espírito empreendedor). Por todas estas razões deve-se ensinar o empreendedorismo.


ANEXO: OS TRÊS PILARES DO EMPREENDEDORISMO


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Assim se vê o quê do PC?

Hoje li uma coisa que me deixou perplexo.

Ora, na edição de hoje do Jornal i, a sua secção "Uma Ideia Para Portugal" tem uma citação do meu grande amigo Jerónimo de Sousa. A sério, fiquei a pensar nisto.

"Impõe-se a ruptura e uma mudança que comporte uma alternativa de esquerda. A Constituição Portuguesa consagra um projecto de democracia política, económica, social, cultural e de afirmação da soberania. Tal projecto pode constituir uma plataforma de convergência na perspectiva de construção de uma vida melhor, num Portugal democrático que retome o caminho de progresso e de justiça"




As palavras que me chamam à atenção são "ruptura", uma palavra chave na parvoíce que é a extrema esquerda, e "democracia", que tem tanto a ver com comunismo como os manos Portas têm a ver um com o outro.

O PC encontra-se completamente desajustado ao panorama político. Esta é uma opinião que mantenho há muito tempo e continuo a insistir nela. Há um partido em Portugal que defende um regime autoritário de índole Marxista-Leninista, militarizado, isolado das instituições internacionais e supranacionais, apoiante e, quem sabe, admirador das virtudes de exemplos como a Coreia do Norte, e com um líder que vem dizer que Portugal tem de retomar o caminho do progresso e da justiça. Mas é com um regime desses que vamos conseguir isso?!

Tendo em conta a corrente ideológica do partido, não posso levar a sério estas declarações. Numa democracia, quando um partido autoritário e comunista vem dizer isto, só posso ficar perplexo.

Mas aqui fica uma sugestão de reflexão para a minha vasta audiência!

CBA

O CDS até tem razão...

É verdade. Parece que estou farto deste estado. Estou farto de ter a sensação que a situação de insegurança vem para ficar. O Primeiro Ministro diz que o crime não pode ser explicado exclusivamente pelas questões sociais, e eu concordo. Assim como concordo com o Paulo Portas: "a autoridade da polícia tem de ser defendida pelo Estado, pois não é aceitável que seja atacada com cocktails molotov por bandos organizados que sequestram a liberdade dos cidadãos, [...] os delinquentes podem ser identificados e não o são, que, quando são apanhados em flagrante deviam ser julgados em 48 horas e não são e, quando condenados não cumprem as penas".

A esquerda sempre declarou como um princípio a recusa pelo securitarismo. Se calhar é porque não gostam de ser vigiados enquanto pintam paredes e colam cartazes que incitam à revolta e à luta! Mas isso são outras conversas! O que se passa aqui ultrapassa questões de índole partidária e ideológicas. Trata-se de olhar para a situação e perceber, de imediato, que temos um défice de autoridade policial. A polícia tem de ser fortalecida e há que investir em todo o tipo de equipamento e formação para que esta se torne eficaz e eficiente. E por que não colocar elementos das Forças Armadas em locais específicos para a prevenção do crime? Com uma formação adequada poderiam ser eficazes em bairros sociais e zonas violentas.

Para ler sobre este tema e sobre a posição do CDS:

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1226823

CBA

Remodelação

Mudei as cores do blog e tornei-o mais amplo. Penso que assim está mais atractivo visualmente.

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Estive bastante ocupado nestes últimos dias, o que explica o facto de não ter escrito n'O Corrupto. De qualquer maneira, vou tentar escrever mais frequentemente e com posts mais curtos.

CBA

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Partido Socialista e mais quem?

Nos últimos dias, tem-se assistido a uma crescente especulação (por parte dos comentadores políticos e fortalecida pelas declarações da líder do PSD) que aponta como provável a reedição do famoso Bloco Central. Apesar de não precisarmos de travar o avanço do PC (como em 1983), o Bloco Central ganha vida através das palavras de muitas figuras de destaque, como Jorge Sampaio. A verdade é que ambos os lados da barricada têm vindo a TV e à Radio desmentir tudo e mais alguma coisa: conteúdos programáticos diferentes é a razão mais apontada para a impossibilidade de formar uma coligação entre PS e PSD.

Mas a criação do Bloco Central é positiva ou negativa para Portugal?

Em primeiro lugar, o Bloco Central é óptimo para os numerosos grupos de interesse que, assim, não têm de se movimentar no meio político para obter favores (os partidos do poder, PS e PSD, estão ambos no Governo). Para os portugueses, em geral, é um garante da estabilidade política em altura de crise, funcionando como um consenso entre as duas maiores forças políticas e atirando para o lado qualquer tipo de confrontação ao poder dominante (nem mesmo através do Presidente da República). A clara desvantagem é a degradação da democracia. Com o PS e o PSD no Governo, em simultâneo, o espaço político à direita e à esquerda fica reduzido: dois partidos de extrema esquerda (nome feio para ilustrar o que, de facto, são BE e PC) de um lado e uma força democrata-cristã com uma expressão residual.

E outras coligações?

A coligação ideal, pressupondo que o PS não atinge a maioria absoluta, é, a meu ver, com o CDS. Sacrificando acção à esquerda, nomeadamente em temas como os casamentos entre homossexuais e a eutanásia, o novo Governo, virado agora à direita, herda do CDS a preocupação com a segurança e com os assuntos fiscais (nomeadamente em relação às PME). Penso que as propostas deste partido, tirando a dose de populismo que a ele estão associadas, são válidas e podem ter impacto na vida dos portugueses. Além disso, não seriam os 5 ou 6 % do CDS que iriam comprometer totalmente o projecto PS para os 4 anos de legislatura. Uma coligação à esquerda está completamente fora dos objectivos do PS, já que grande parte da acção socialista na área do trabalho e na economia é insistentemente condenada por BE e PC.



No entanto, acho que o PS vai manter a maioria absoluta. As pessoas (mesmo as mais insatisfeitas com a governação PS) vão pensar duas vezes antes de confiarem o seu voto ao PSD, onde não há uma corrente definida e onde não existe um líder quase a sério desde Marques Mendes; ao BE (ainda alguém acredita que eles são alguma coisa mais que um partido de extrema esquerda?!); ao PC, onde as palavras de ordem são as mesmas desde há 50 anos; ou ao CDS, com uma imagem muito desgastada e muito ligado ao elitismo.

Por agora é tudo.

CBA

sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril de 1974 - 35 anos











"Aqui posto de comando das Forças Armadas. Em aditamento ao último comunicado, o Movimento das Forças Armadas informa a Nação que conseguiu forçar a entrada no quartel da Guarda Nacional Republicana, situado no Largo do Carmo, onde se encontrava o ex-Presidente do Conselho e outros membros do seu ex-Governo.
O Regimento de Lanceiros 2, onde se recolheram outros elementos do seu ex-Governo, entregou-se ao Movimento das Forças Armadas, sem que houvesse necessidade do emprego da força que os cercava.
A quase totalidade da Guarda Nacional Republicana, incluindo o seu comando e a maioria dos elementos da Polícia de Segurança Pública, já se rendeu ao Movimento das Forças Armadas.
O M. F. A. agradece à população civil todo o carinho e apoio que tem prestado aos seus soldados, insistindo na necessidade de ser mantido o seu valor cívico ao mais alto grau. Solicita também que se mantenha nas suas residências durante a noite, a fim de não perturbar a consolidação das operações em curso, prevendo-se que possa retomar as suas actividades normais amanhã, dia 26. Viva Portugal!"

25 de Abril de 1974, às 18:20

(Movimento das Forças Armadas, através da emissão do Rádio Clube Português)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O preservativo, a igreja e as pessoas

As recentes declarações do papa têm corrido o mundo. Um pouco por todo o lado ouvem-se ecos de descontentamento, de espanto e de contestação ao santíssimo padre. Isto porque, seguindo uma lógica de completo isolamento perante o que se faz e se passa no mundo, a igreja deu mais um passo de gigante na sua cruzada pela ignorância e pela constante recusa em se adaptar aos novos tempos (tenho a ideia de que ela não se adapta desde a época da Renascença)...










Como referi atrás, muita gente (incluindo bispos e cardeais) ficou surpresa pela espontaneidade do papa, pela forma como, descaradamente, disse que o preservativo contribuía para a propagação da SIDA.
Bem, a única coisa que me espantou foi o espanto das pessoas. Mas quem é que esperava outra coisa do mais alto representante da igreja? Ele "apenas" é o dirigente máximo de uma instituição / religião que defende que o propósito da relação sexual é exclusivamente o coito para fins reprodutivos. É mais que óbvio que não defende, aliás, que recusa, o preservativo. Mas a igreja não pode mudar uma convicção como esta, ou como a eutanásia e o aborto. São questões que, simplesmente, estão fora do domínio da cristandade. E as pessoas não podem esperar que a igreja católica se transforme completamente só porque "o mundo mudou", e, dessa maneira, ficar mais próxima dos crentes.

Mas continuam a haver muitos fieis apesar de a atitude dos dirigentes não agradar a maioria dos crentes (mesmo que não critiquem, essas atitudes e posições não vão de encontro à realidade das pessoas). Eu penso que há uma razão forte para isto acontecer: a religião católica é uma religião fácil de praticar! Não existem sanções, deus perdoa tudo, não é preciso ir à missa... Apesar de não se ser um "praticante", acredita-se em deus mas não se faz um culto adequado (faz-me muita confusão como é possível ser não praticante. É que uma religião é mais que um jogo de futsal com os amigos. Pressupõe "fazer algo" que demonstre a aceitação de deus, em vez de se ficar em casa e rezar quando dá jeito, quando um familiar adoece, por exemplo). O que me leva a crer que as pessoas não estão minimamente preocupadas no que é que a igreja defende. Ficam muito chocadas e preocupadas, mas esquecem-se logo que começa a jornada da liga de futebol. As pessoas apenas querem retirar da religião algum conforto, quando dá jeito, e querem guardar fotos dos filhos a fazer a primeira comunhão.

Para concluir, o nosso querido amigo José Policarpo veio defender o seu patrão, o que me deu vontade de rir. Ora, ele falou com responsáveis portugueses na matéria que disseram que o preservativo é falível (eu também acho que é! Uns 2%, não?). Nada mais previsível que o fiel seguidor da doutrina que vem dar nas vistas como bem alinhado e em concordância com tudo o que o papa diz. Interessa muito ao cardeal, claro. Sempre engraxa um bocado as botas do Vaticano e é falado na comunicação social. E esta é a história de uma igreja, um preservativo e umas pessoas que só vão à missa nos casamentos, baptismos e funerais.

CBA

sábado, 18 de abril de 2009

Ponto 1: Portugal

Decidi que o primeiro post deste blog será uma ideia genérica sobre o cantinho à beira mar plantado onde eu e mais 10 617 574 pessoas vivemos.

Parece-me que Portugal se vai afundando na sua crónica pequenez, sempre com a ideia de que é um moderno e influente país. Portugal quer ser uma país pequeno com a mania que é rico (o tamanho não conta?) e quer dar aos seus habitantes a vida mais miserável, dentro dos limites do que é ser "civilizado". Mas Portugal "quer"? Um país tem manias? Não. Refiro-me a quem manda em Portugal: a classe política. E como a nossa classe política é uma merda (no verdadeiro sentido da palavra), só nos resta esperar que o país deles também assim o seja, não é?

Em primeiro lugar, a situação geográfica não é a mais indicada para o modelo económico que Portugal tem vindo a desenvolver desde que é visto como um país com mão-de-obra barata. Aliás, mesmo durante o Estado Novo já se admitia que o tal modelo não se ajustava às necessidades reais do país. Como economia aberta, somos constantemente assolados com uma gravíssima pneumonia sempre que o resto do Mundo espirra. E isto acontece porque estamos demasiado e perigosamente dependentes do comércio externo. Portugal não tem capacidade para crescer dependendo apenas de si próprio (situação impossível de acontecer numa economia pequena e aberta) e vamos andando por aqui, bem felizes, a pensar que isto um dia vai mudar para melhor (nos tempos de aflição o status quo altera-se para um pessimismo tradicionalmente português). Portugal, apesar de não poder viver orgulhosamente só, pode ser estruturalmente forte para que a recuperação seja mais rápida quando há uma recessão (pensar que podemos ter um país à prova de recessões e crises é estúpido e demagógico) e para poder convergir com a Europa, em vez de crescimentos de 1%.

E qual a solução? Penso que a solução deve passar por se ter em conta as especificidades do nosso país. Especificidades essas que não contemplam planos tecnológicos da treta e obras megalómanas para agradar os lobbys da construção (alterar PDMs para poder construir onde não é suposto fazê-lo também é política) e para dar trabalho a estrangeiros.

Quero focar que o investimento muitas vezes é mal feito e endividamo-nos sem necessidade (a dívida pública já vai perto dos 80%). A qualidade da intervenção pública em investimento directo é essencial!

Para onde direccionar o investimento?

Na minha opinião, devemos seleccionar três eixos de desenvolvimento e concentrarmo-nos em tirar o maior proveito deles. Isto é, investir neles: Turismo, Energias Renováveis e Mar.

Turismo. Apesar de esta actividade económica gerar um saldo muito positivo na nossa balança comercial, Portugal não é visto como um destino turístico por excelência. Deve ser feita uma campanha massiva que promova a marca "Portugal" e devemos dar muita atenção aos locais ditos turísticos. Basta passar pelo Algarve para constatar erros graves no ordenamento do território e na construção dos famosos "mamarrachos". O que o Algarve tem a mais o Alentejo tem a menos. Uma área previligiada para turismo de qualidade é quase ignorada (fraca rede de transportes, pouca oferta turística, etc.). Podíamos ficar a falar de turismo o dia todo...

Energias Renováveis. Essencial, numa palavra. O país com o maior número de horas de sol e com uma costa vastíssima não aproveita (ainda) o enorme potencial que tem. No futuro, e para nos distanciarmos da necessidade constante de dependermos de países produtores de combustivel fóssil, as energias alternativas têm de desempanhar um papel fundamental na requalificação dos transportes e estrutura de energia doméstica e industrial.

Mar. Como é possível que Portugal não seja a porta de entrada da Europa? Parece difícil acreditar que nunca houve nenhum tipo de investimento grande nesta área. Com excepção aos recentes investimentos em Alcântara e Sines, não tem havido grande vontade política em investir a sério para criar uma via de entrada que seja capaz de ser competitiva e que aproxime um pouco Lisboa, Sines e Leixões ao resto da Europa.

Há sempre as questões da má qualidade da nossa educação, do nosso sistema de saúde insufuciente, da justiça que parece uma anedota (também existem aspectos positivos noutras áreas)... Mas não se pode falar tudo de uma vez. Como escrevi em cima, o objectivo desta reflexão foi responder à pergunta "Para onde direccionar o investimento?".

Sem querer afirmar que "só assim Portugal vai lá", penso que as minhas opções são válidas como ideias, propostas, ou o que lhe quisermos chamar. Fico à espera de comentários, sugestões e etecetera.

CBA